A Acessibilidade tem que
estar disponível a qualquer hora e em qualquer lugar, não pode ser
algo “de fachada”, ou como se diz por aqui algo “para inglês
ver”.
O deficiente não tem que
pedir, implorar, solicitar algo que não está aparente, passar por
nenhuma situação constrangedora ou mesmo ter que esperar pela
colocação de uma rampa móvel – muitas pessoas ficam até
constrangidas por dar trabalho, causar embaraço e acabam deixando de
exercer seu direito de ir e vir por causa disso.
Ressalto ainda que a
deficiência nem sempre é aparente e a ignorância das pessoas faz
com que, em locais onde elevadores são de uso exclusivo para
deficientes e gestantes, muitas pessoas cuja deficiência não é
aparente, passem por situações constrangedoras, tendo que provar
sua deficiência - eu mesma passei por uma situação esta semana,
dentro de uma das unidades do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro:
enquanto aguardava pelo “elevador exclusivo”, como não estava em
uma cadeira de rodas ou com muletas, fui “delicadamente”
informada de que não poderia usar o elevador que era só para
deficientes, sendo obrigada a dissertar sobre uma displasia óssea
degenerativa e indagar se seria necessário a apresentação de laudo
médico para uso do elevador – tudo isso na frente de uma centena
de pessoas que ficaram me olhando como se eu fosse uma “aproveitadora
de elevadores”!
Infelizmente existem
pessoas muito intolerantes e ignorantes que não percebem que muitas
pessoas podem ter uma incapacidade não aparente e precisar usar de
acentos preferenciais, filas preferenciais sem merecerem a alcunha
de aproveitador ou espertalhão! Exatamente o meu caso – uma
displasia óssea degenerativa e incapacitante que permite o uso de
elevadores e acentos exclusivos mas, aos olhos dos outros, sempre
passarei por “aproveitadora” a menos que mande tatuar em minha
testa “portadora de deficiência incapacitante porém não
aparente”.
Ontem levei meu filho ao
Teatro dos Grandes Atores, no Barra Square,
na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, onde a
acessibilidade é muito precária – sinceramente, não sei como a
Prefeitura concede alvará de funcionamento para um shopping
relativamente novo, cheio de espaço, com um projeto arquitetônico
novo tão precário – garagem praticamente inacessível a carros
grandes que podem carregar uma cadeira de rodas, elevador tão
pequeno que um cadeirante tem que usar sozinho (se for criança, só
sobe desacompanhado), teatro sem elevador e com espaço para apenas 1
cadeira de rodas com uma rampa perigosíssima, apenas no Balcão que
é o andar situado no nível da rua!
Para usar o elevador do
shopping, tive que tirar meu filho da cadeira, levá-lo pela escada rolante, fechar o apoio de
perna e enviar pelo elevador pois a cadeira sozinha ocupa todo o
espaço - algo surreal considerado o tamanho do shopping, as lojas e
butiques caras, o teatro e a a quantidade de pessoas que frequentam
diariamente o complexo.
Para completar o infortúnio, o pé da cadeira emperrou, não voltava para o lugar e, para trazer meu filho de volta para casa ainda tivemos que retirar o pé da cadeira e amarrar um pano para ele não se machucar na estrutura metálica - como é difícil ser deficiente!
O deficiente não deveria precisar contar com a boa vontade alheia, com a pena ou simpatia de terceiros para ter respeitado seu direito de ir e vir.Existem critérios
básicos necessários à promoção da acessibilidade das pessoas
portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida e a concessão
de alvará pela Prefeitura deve estar condicionada ao atendimento das
normas de acessibilidade - normas técnicas fixadas na legislação
federal de acordo com a ABNT - Associação Brasileira de Normas
Técnicas.
As normas de
Acessibilidade estão previstas na lei federal n° 10.098, de
19/12/2000 e regulamentadas pelo decreto federal n° 5.296, de
02/12/2004.
Considerando tratar-se de
questão de interesse público, os alvarás para lojas,
restaurantes, shopping centers, já concedidos, devem ser revistos –
concedendo prazo para que o estabelecimento se adeque sob pena de
cassação do alvará!
Olá, encontrei o seu blog devido a um projeto acadêmico da UFF sobre tecnologia assistiva, cujo tema é "adaptação de balanços de pracinhas para cadeirantes".
ReplyDeleteAchei muito interessante a maneira em que o sr. postou aqui http://ser-especial.blogspot.com.br/2012/06/pracinhas-com-brinquedos-adaptados.html, e incrivelmente aqui no estado do Rio de Janeiro só existe um parquinho público com brinquedos adaptados para deficientes - na praça Dom Orione, no bairro de São Francisco em Niterói.
Gostaria de saber se poderia utilizar a foto que o sr. está com seu filho no colo em nossa apresentação de projeto. Todas as identidades serão preservadas.
Desde já agradeço.
Boa tarde Cecília. Pode entrar em contato comigo através do email juridico@consuelomachado.com , passe seu telefone para que possamos conversar sobre a foto, tenho outras também interessantes.
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