Fechamos o ano debatendo os comentários infelizes de uma psicóloga veiculados no programa Domingão do Faustão sobre o massacre na escola em Newtown, nos Estados Unidos, e que provocaram danos irreparáveis à todo um trabalho que tem sido feito a favor da inclusão e da luta contra o preconceito que existe contra pessoas que tenham alguma enfermidade mental.O discurso apresentado no referido programa iguala Hannibal Lecter, o psicopata canibal do filme "O silêncio dos inocentes" com Sheldon Cooper, do seriado "The Big Bang Theory". Ora, não precisa ser um expert para saber que um psicopata é capaz de entender com maestria a mente dos outros, a ponto de manipular, enganar e, então, roubar ou matar.
Já os portadores da Síndrome de Asperger - uma síndrome do espectro autista - são ingênuos e têm uma fixação por seguir regras e leis, não têm malícia e não conseguem mentir, nem fazer nada que considerem errado.
Infelizmente as pessoas tendem a atribuir uma atitude abominável como matar crianças inocentes à algum problema mental e acabam por generalizar e esteriotipar todas as pessoas que tem alguma enfermidade mental e esperar delas atitudes violentas - já vi pessoas dizerem que crianças com paralisia cerebral ou sindrome de down são violentas e isso não é verdade.
Eu mesma estou cansada de me deparar com pessoas que ficam realmente surpresas ao ter contato com meu filho (que tem apenas uma paralisia cerebral) e perceberem o quão carinhoso ele é - pessoas que já chegam perto dele com medo ou esperando alguma reação violenta!
Como salientou Patricia Kogut, a TV, mais que todas as mídias, tem o poder de formar opiniões - e por isso mesmo não pode tratar de determinados assuntos de forma irresponsável sob pena de causar danos irreparáveis.
De minha parte, sem correr o risco de ser repetitiva, volto pontualmente aos comentários que fiz na oportunidade da reportagem "Inclusão de crianças com deficiências em escolas comuns é um desafio" - que tratou sobre a luta do Arthur pelo seu direito de frequentar uma escola regular, exibida no Jornal da Record News, onde o comentário da psicóloga Maria Luísa Bustamante - "o convívio não pode ser empurrado pela goela abaixo dos professores e dos alunos sem que haja um cuidado e uma preparação" - também provocou um grande estrago:
- Não se pode falar de crianças especiais como se estas fossem uma coisa desagradável, aberrações que estão sendo impostas aos professores e demais alunos.... são seres humanos, pessoas em desenvolvimento, crianças, que precisam de amor, atenção e respeito independente de qualquer preparo.
- NÃO EXISTE CURSO DE ACEITAÇÃO DE PESSOAS ESPECIAIS, Não existe preparação para se receber, aceitar e respeitar um ser humano - quando se fala em preparo para inclusão este é em benefício do deficiente, está direcionado ao preparo profissional especial para ajudar o deficiente a desenvolver seu potencial e superar suas limitações.
- As deficiências não são somente inatas e podem ser adquiridas a qualquer tempo, por qualquer pessoa - nenhuma mãe faz um curso especial para ser mãe de uma criança deficiente e não existe nenhum curso preparatório para pessoas antes de sofrer um acidente que lhes limitará suas habilidades.
- A diferença existe em todo lugar, pessoas portadoras de necessidades especiais frequentam shoppings, praças, supermercados e ninguém precisa de um preparo especial para frequentar tais locais ou deixa de frequentá-los para afastar-se das diferenças.
- Os pais sabem que, na escola, seus filhos estarão em contato com outras pessoas e que, em não pode haver distinção de qualquer espécie seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza - ninguém põe o filho na escola esperando que esta lhe forneça um mundo de fantasia e isolamento, afastando-os da realidade da vida.
- Este tipo de opinião já gerou campos de concentração, apartheid, genocídio e, em escolas, gera Bullying quando um colega ou um professor resolve "não engolir o outro goela abaixo" - vivemos em sociedade e temos que nos comportar civilizadamente, respeitando normas jurídicas, sociais, morais e éticas.
- Um professor não pode recusar um aluno ou escolher um aluno. Se ele escolheu lecionar, tem que aprender a atender todos os alunos. Se não se sente preparado, que busque ajuda e se prepare - Se não tem competência, gabarito ou intensão de atender a todos, é melhor que escolha outra profissão - se é que existe alguma profissão cujo exercício permita a exclusão! E o mesmo serve para qualquer outra pessoa, mesmo outros alunos e pais de outros alunos.
Vivemos em uma sociedade plural e estamos na ERA DOS DIREITOS HUMANOS - NÃO EXISTE MAIS ESPAÇO PARA A INTOLERÂNCIA, não existe mais espaço para a exclusão, não podemos mais admitir nenhuma forma de preconceito!
Proponho a todos um momento de reflexão: VOCÊ QUER SER RESPEITADO? Ótimo, todos nós queremos! Você gosta que respeitem à sua dignidade? Todos os demais seres humanos também!
E, mais uma vez, para aqueles que só entendem a linguagem popular: todo mundo tem que engolir todo mundo, "o direito de um termina quando começa o do outro", a relação entre as pessoas é como uma rua de mão dupla "os normais têm que engolir os deficientes na mesma medida que os deficientes têm que engolir os normais"; para sermos respeitados, temos que saber respeitar; "o vento que venta lá, também venta cá", e assim por diante.
O que ou quem são os "normais"? Mistério...
ReplyDeleteAbraços ao Arthur, Consuelo... se tiver oportunidade, leia "A Balada de Beta Dois":
http://www.skoob.com.br/livro/291976-a-balada-de-beta-2
Poxma para uma txcla dxfxituosa
ReplyDeleteXu sou um txclado autista,
Dxficixntx mxntal;
Ou sou cxgo dx uma vista
Ou surdo-mudo total.
Bipolar ou cadxirantx,
Dx algum modo incomplxto
Não mx julgo um gigantx
Mas não sou analfabxto.
Só quxro txr o dirxito,
Sxja mxsmo com dxfxito,
Dx vxrsxjar noitx x dia;
X a minha txcla quxbrada
Sxrá para sxmprx amada
Por quxm gosta dx poxsia.
Dxdico xstx sonxtinho aos "dxficixntxs" - o qux inclui
todo mundo. Pois quxm sx julga pxrfxito, mostra sxr
analfabxto dx alma... não sabx lxr nxm a si próprio.
Nitxrói, vxrão dx 2013
Rodolfo Barcxllos
Adorei, de uma sensibilidade incrível, como sempre. Vou divulgar no facebook também. Bjs.
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