Os casos têm aumentado e estão chegando ao Judiciário. O Juizo da 27a Vara Cível de Belo Horizonte determinou o pagamento de indenização no valor de R$ 8 mil à uma vítima de bullying.
A psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, autora do livro "Bullying - Mentes Perigosas nas Escolas" diz que "a Escola que anuncia não ter casos de bullying está fazendo propaganda enganosa" e defende, em suas entrevistas, que os pais das vítimas recorram à Justiça para cobrar pelo tratamento psicológico dos seus filhos: "Quando as escolas começarem a sentir no bolso o custo de ignorar o bullying, elas terão mais cuidado com esses casos".
O bullying já é uma patologia social e tem sido uma preocupação constante para pais, educadores e profissionais do direito.
A palavra Bullying não tem uma tradução exata para o Português mas é usada para definir a imposição de sofrimento intencional, de forma repetitiva, em relações de desigualdade.
O bullying é caracterizado por agressão física ou qualquer outra forma de agressão, mesmo verbal e emocional repetidas, e que tenham uma desigualdade na relação entre agressor e vitima, podendo deixar marcas para toda a vida. Apelidos ofensivos, exclusão reiteradas e isolamento na hora do recreio são sintomas de bullying. Também são características do bullying o abuso do poder, a intimidação, a prepotência, os insultos verbais, as ofensas, os xingamentos, as gozações, apelidos pejorativos, a famosa formação de clubinhos para excluir um ou outro aluno - “Clube da Luluzinha e Clube do Bolinha” - e o ato de “zoar” e levar a vítima ao isolamento social, isolamento este que ocorre de formas variadas.
Os estudos tem mostrado que o Bullying esta presente em todas as escolas e que qualquer criança/adolescente pode ser vítima de bullying, não há um padrão - a criança mais bonita, mais rica, mais inteligente e de maior sucesso também pode ser vítima de bullying decorrente do ciúme e da inveja dos demais. Para exemplificar, podemos falar de um aluno dito “popular” de uma escola que faz de tudo para humilhar e expor um defeito (às vezes nem tão aparente) do colega que só tira notas altas ou então o rapaz musculoso que inferniza a vida de um colega mais fraco fisicamente ou um “tímido” que é exposto de forma que cause maior constrangimento possível. A forma mais típica de Bullying são os apelidos humilhantes exaltando defeitos físicos e as agressões físicas.
Vale ressaltar ainda que a desculpa das escolas para encobrir o bullying é sempre o fato de tratar-se de uma brincadeira mas, Bullying não é brincadeira, como reconhece a Dra. Ana Beatriz Silva, na brincadeira todos se divertem, quando é bullying, um grupo se diverte às custas da humilhação de outros.
A prática de bullying surge na infância mas gera reflexos na vida adulta, tanto para a vítima mas para o agressore e também para o expectadore, que podem adoecer e se calar com medo de se tornar a próxima vítima.
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A vítima da discriminação tende a ser retraída, sofre mais de depressão e pode vir a cometer suicídio. Já, para o agressor, a longo prazo, pode levar à sensação de impunidade e, consequentemente, à atitudes anti-sociais, dificuldades no relacionamento afetivo, delinquência, atos criminosos, atitudes agressivas no trabalho ou à violência familiar.
O primeiro passo para resolver o problema é reconhecer que o bullying existe em toda escola e uma vez identificado algum caso, trabalhar em conjunto escola-famílias-alunos para conscientização desse agravo a saúde e mudar a percepção que as pessoas tem dele. O bullying não é uma brincadeira boba. Ele leva a danos para toda a comunidade, seja o agressor, a vítima ou os que testemunham esse evento.
Gostaria de ressaltar também que ao identificar o bullying a escola jamais deve colocar frente a frente a criança envolvidas mesmo que para provocar uma socialização forçada ou pedido de desculpas o que pode piorar o problema e gerar retaliação demonstrando ser medida totalmente anti pedagógica.
Hoje existem grupos e indivíduos estudando o tema e que estão contribuindo nas escolas para uma mudança de cultura, mostrando como perceber o bullying, conscientizando sobre o problema e ajudando a construir uma outra forma de relação entre as crianças.
O Bullying infelizmente é presente no mundo todo. Em alguns países, as vitimas cometem atos extremos com mais freqüência, como homicídios e suicídios nos recentes ataques em escolas dos Estados Unidos. Nas cartas deixadas pelos suicidas, foram encontradas referencias às constantes humilhações que provocaram depressão e transtornos de ansiedade e que levaram à uma explosão de raiva e ódio sem limites como reação ao que sofreram, levando ao suicídio como forma de acabar com o sofrimento, mas não antes de levar todos os agressores consigo.
Vale ressaltar ainda, que o Bullying não é reconhecido como causadora de suicídios mas estes são atribuídos a depressão, que por sua vez foi resultado direto da vitimização decorrente da prática de Bullying.
- Um alerta sempre atual e, infelizmente, cada vez mais importante.
ReplyDelete- Um abraço, Consuelo.
Conto com seu apoio em todas as nossas batalhas pela saúde e pela justiça.
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