Nós todos somos o amanhã!

Nós todos somos o amanhã!

Saturday 16 August 2014

O Ideal da Imagem Simétrica e Plastificada (Artigo de 12/12/2013 para o Portal Eu Sou Especial)


Dia das Mães, dia dos Pais, dia das Crianças, Natal – lindas propagandas na TV sempre buscando incentivar o consumismo só usam modelos bonitos, simétricos, sempre seguindo um PADRÃO de beleza linear e artificial.

Tudo bem que, de um tempo para cá, podemos reparar numa pretensa atitude “politicamente correta” de trazer sempre pelo menos um negro ou mulato entre o branco moreno e o branco loiro e às vezes, um ruivo. Mas e o índio? E o gordo? E o deficiente? Não vemos um down, um PC, um autista, um cadeirante, um amputado.

Estou muito tocada com a ausência de crianças especiais na TV, nos comerciais, nos desfiles, nas novelas, nos filmes.

Reparei em alguns comerciais específicos, analisando os contratantes e as agências que trabalham na contratação do elenco – o que pensa essa gente que contrata? Que tipo de pessoas eles buscam e por que? Por que gostam de mostrar famílias quase que cirurgicamente plastificadas – pai, mãe e filhos sempre atléticos e “perfeitos”?

Nas propagandas de fraldas e demais produtos de higiene infantil a única diversidade que vemos é a racial. Notamos que sempre se inclui uma ou outra criança negra ou parda para não receberem nenhuma crítica de racismo.

Nos comercias de Natal, por exemplo, no meio daquele monte de duendezinho lindo, não tem uma criancinha deficiente. Porquê? Qual o verdadeiro motivo? Ficaria feio? Repugnante aos olhos do consumidor que só quer ver o “normal” e “perfeito”? Deficientes não fazem compras, não são consumidores?

O diferente nunca se encaixa no perfil do contratante, que acha que seus consumidores só gostam do que é "bonito, magro, simétrico e estético".

O vídeo da Visa - Uma Acolhida Mundial para a Copa do Mundo FIFA 2014descrito como “o mais épico canto de futebol do mundo, executado pelo Coral das Crianças de Petrópolis” contou com uma centena de crianças brasileiras que se reuniram no topo de um morro carioca para dar as boas-vindas às 32 seleções qualificadas para a Copa do Mundo FIFA - o foco multirracial foi claro mas não mostrava nenhuma criança "diferente"!

As novelas até tem se esforçado mas 1 down, 1 paraplégica e agora 1 autista estão muito longe de representar os 24 % de pessoas portadoras de deficiência que fazem parte da população brasileira.

Esses 24 % de brasileiros, portadores das mais diversas deficiências também são consumidores, comem, bebem, vestem, usam produtos de higiene e limpeza, praticam esportes, usam cartões de crédito, estudam e também compram brinquedos!  

Se a novela trabalhasse a realidade dos diferentes, se nas propaganda do supermercado, do cartão de crédito, dos produtos de limpeza e higiene, dos produtos de beleza também estivessem incluídos atores e modelos portadores de deficiência, com certeza todo mundo estaria mais acostumado a lidar com a diferença. Tudo seria mais fácil se as pessoas pudessem ver a diferença em qualquer canto!

Talvez um fabricante de fraldas percebesse que não é só o público infantil que precisa de fraldas para piscina, ao contrário, muitos deficientes poderiam usar a piscina para se tratar e melhorar seu potencial se tivessem ao seu alcance fraldas de banho para adultos!  

Até adquirir uma cadeira de rodas para um deficiente é difícil pois as empresas  só querem fazer cadeiras padronizadas, nem sempre adequadas para cada indivíduo em particular.

Recentemente  um grupo suiço chamado "Pro Infirmis" divulgou um video mostrando a crianção de manequins inspirados em pessoas portadoras de deficiência:


Não podemos trabalhar com um ideal de pessoa padrão – pessoas não são manequins e os manequins deveriam refletir pessoas reais e não o sonho de beleza plastificada simétrica das pessoas que, cada dia mais, estão insatisfeitas consigo mesmas e, cada vez mais cedo, estão sendo influenciadas a se submeter à cirurgias plásticas, que não são simples nem isentas de riscos como muitos tentam fazer parecer!

* Consuelo de Freitas Machado Martin, Graduação em direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ (1997), mestrado em Direito pela Universidade Gama Filho (2002), aperfeiçoamento pela Fundação Escola Superior de Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro (1998). Professora Universitária,  Advogada e Ativista Social.

Ser mãe é tempo integral! (Artigo de 05/12/2013 para o Portal Eu Sou Especial)


Esta semana me deparei com o seguinte desabafo no facebook: " Para os pais de autista, tudo gira em torno do autismo. Não dá para desvincula-lo da nossa vida. Tudo é azul desde que amanhece até anoitecer.24 horas por dia! Ano à ano! Quando nós pais, poderemos respirar aliviados? Socorroooooooooooo......"

Li, reli, refleti - depois comecei tudo de novo... Espero que não terminem por LAMENTAR alguém ter me chamado nesta conversa.

Em primeiro lugar, devo dizer que, para mim, nenhum pai/mãe, no sentido mais amplo e protetor que esta palavra deve ter, pode ou deve, respirar aliviado NUNCA. É pela respiração aliviada de uns que muita criança vira um PC depois de uma queda "acidental" ou algum "acidente" na piscina. O respirar aliviado faz com que pais faltem com seu dever de cuidado para qualquer criança, tenha ela necessidades especiais ou não.
 
Ser mãe é tempo integral, é um "cargo" para o qual não temos férias, folga, hora de almoço e é para a vida inteira - a maternidade é, de fato, um caminho sem volta, graças a Deus! Não consigo  e nem quero imaginar a dor de perder um filho.

Quando decidi ter um filho, não sabia que ele seria "diferente" mas já tinha em mente que minha vida iria mudar: eu deixaria de ser dona de mim mesma, de minhas vontades, de ser prioridade  e o centro da minha vida,  perderia minha independência.  Desde o momento em que foi confirmada a gravidez, deixei de ser eu, Consuelo com todos os predicados sociais e profissionais adquiridos para ser " a mãe do Arthur".

Por saber que seria uma mãe absolutamente rigorosa e ciente do meu papel, casei e engravidei depois dos trinta, com carreira estabilizada e sucesso profissional e não lamento em nenhum momento todas as mudanças que tive que operar em minha vida, nem das escolhas que fiz.  Largar tudo pelo Arthur foi um preço pequeno comparado  a todo o amor que recebo dele diariamente, ao calor de seu olhar a mim direcionado.

Abdiquei de minha carreira jurídica internacional, de minhas viagens, de lecionar para acompanhar cada sessão de fisioterapia, dar cada banho, alimentar,  trocar fraldas. Não deixei de  ser esposa ou de trabalhar, sou daquelas que tem JORNADA TRIPLA mas tento usar os intervalos com sabedoria e durmo menos.

Apesar de ter a sorte de ter enfermagem tempo integral não transfiro minhas obrigações de mãe, não delego a eles nenhuma atividade direta com meu filho sem a minha presença  - eu aceito ajuda pois também não sou de ferro mas quem tem obrigação de dar banho no meu filho sou eu!

Costumo brincar dizendo que "Arthur cortou minhas asas" mas não é verdade.  Minhas asas estão aqui, do mesmo jeito, mas entendo que o Voo só deve ir até onde Arthur alcança.  Não consigo me imaginar frequentando nenhum lugar em que ele não possa estar, eu não seria feliz lá, sem ele. Não consigo me imaginar viajando sem ele, comemorando nada sem ele. Qual é a graça de comemorar meu aniversário sem meu filho, sair para jantar sem ele, viajar sem ele?  Nada na minha vida tem nenhum propósito sem ele!  Por quê?   Porque eu escolhi ser mãe!

Ser mãe não é só dar à luz, é  suprir, proteger, criar, educar. Ser mãe é ser o "primeiro tudo" do filho - o primeiro médico, o primeiro enfermeiro, o primeiro terapeuta, o primeiro professor... somos nós que estamos mais próximas, que vamos prestar a primeira informação, o primeiro socorro - é esse o meu lugar.  Não abdico deste lugar em momento algum e não cedo para ninguém, apenas para minha mãe e meu pai, já que foram eles que me criaram para ser a mãe que sou!

Se alguém tem que ser exigente com ele, obrigá-lo a comer quando não quer, impor obstáculos, remédios e exercícios muitas vezes indesejados, esta pessoa tem que ser EU, a mãe dele, a mesma mãe que vela seu sono, o acaricia e o esquenta durante às noites. Não gosto que ninguém mais o alimente, o acalente, brinque com ele ou o faça dormir. Gostaria de ter super poderes para não precisar dormir, comer ou descansar, para não precisar ter que dividi-lo com ninguém.   Gostaria de ter oito braços, uma coluna de ferro e energia para ficar 24 (vinte e quatro) horas por dia em alerta.

Muita gente estranha o fato de compartilharmos o mesmo quarto e de nossas camas estarem coladas uma na outra.  Não é por falta de espaço, aliás, o que mais temos é espaço. Mas como o ditado que meu pai sempre diz, "o que engorda o gado é o olho do dono".  Nestes oito anos, eu e meu marido já cansamos de  acordar de nossos cochilos e ver a enfermeira do outro lado dormindo; por diversas vezes Arthur veio rolando me acordar para me mostrar que estava com febre. Fato é que a vida já me mostrou que nenhuma enfermeira vai botar a boca na boca do meu filho para chupar vomitado, cuspir e soprar ar na falha do aparelho, para salvar a vida dele - existem coisas que só mães fazem e não é qualquer mãe!

Arthur dorme ao meu lado, quando quer, pula e dorme no meio da mamãe e do papai.  A enfermagem fica acordada nos olhando dormir, checando os sinais vitais dele,  incumbida de me acordar a qualquer hora caso ele acorde ou precise de mim.
Fico lembrando que há 8 anos uma médica me disse que ele não vingaria, que era completamente surdo, nunca andaria, sentaria ou teria controle da própria cabeça e não passaria dos 5 anos de idade.  Se ele está aqui hoje é porque nós acreditamos nele.  Minha família, ao invés de se dividir, se uniu -  ele nasceu numa família de pessoas que acreditaram no potencial dele.  

Nesta família ninguém me considera uma mãe estranha, super protetora ou exagerada, na verdade, todos concordam comigo. Se preciso ir ao banheiro grito e em dois segundos chega um avô, uma avó ou uma tia correndo para acompanhar Arthur e a enfermeira até eu voltar. Nesta família sabemos que "todos juntos somos forte".

- Privacidade?  - De que me vale a privacidade se ela pode custar a vida do meu filho?

- Casamento?  -  Vai bem, obrigado.  Arthur tem pais presentes e que vêm nele o resultado de seu amor, de seu projeto vida.

Quanto a ser mãe de uma criança "diferente", já se foi o tempo em que eu sofria pelas coisas que Arthur não podia fazer.  É claro que toda mãe deseja que seu filho seja independente e saudável mas não podemos passar a vida toda lamentando por coisas que não podemos mudar. A maturidade e a vivência me ensinaram a vibrar pelas coisas que ele pode fazer e, cada dia que passa ele pode mais e mais. O melhor que posso fazer por ele e por mim é acreditar em seu potencial e lutar para que ele tenha tudo o que for necessário para desenvolver esse potencial.

Ser mãe de uma criança especial pode não ser fácil, mas quem disse que viver é fácil?   É claro que precisamos de um pouco de tempo para encontrar o ritmo, o que é normal. Todo mundo precisa de tempo para se acomodar e se ajustar a tudo o que sai diferente do planejado. Passadas as fases de choque, medo, raiva, dor e incertezas vem a adaptação. O ritmo de nossas crianças é diferente, temos que respeitar o tempo deles, aceitar o passo mais lento. Com o tempo, aprendemos a diminuir nossa velocidade para parar e apreciar cada pequeno detalhe, que para muitos pode ser imperceptível ou bobo mas que para nós, mães especiais, tem um valor imensurável.

A mãe especial espera ansiosa o momento da bagunça, da malcriação, acha lindo quando ele finalmente consegue colocar o dedo no nariz ou cuspir a comida... aprendemos a dar muito valor às coisas mais simples da vida. 

Sim, todo o meu dia gira em torno do Arthur: ausência de diagnóstico, intolerância alimentar grave, paralisia cerebral, comportamento assemelhado ao espectro autista... carga horária de enfermagem, troca de plantão, terapia entrando e saindo - já perguntaram se em minha casa funciona alguma empresa de tanta gente que entra e sai o dia todo. Arthur come de três em três horas, nos intervalos, fazemos terapia, brincamos, estudamos.  Atendo infindáveis telefonemas, vou ao fórum correndo e volto, sempre contando com a ajuda da vovó e do vovô. Mas sim, o trabalho também gira em torno do Arthur pois ele é minha razão de viver.

Quando vou desvinculá-lo de minha vida?  Nunca. Quando vou respirar aliviada?  Respiro aliviada sempre que ele está ao meu lado, calminho, saudável, para que eu possa zelar pela felicidade dele.

Eu era: Consuelo de Freitas Machado Martin, advogada, mestre em Direito, professora universitária, lecionava em 4 instituições. Antes do nascimento do Arthur, estava preparando meu projeto de doutorado. Além disso, exercia a advocacia, inclusive na área do Direito Internacional, representava Agencias Estrangeiras de Adoção Internacional e viajava muito.

Depois da maternidade, eu sou: Consuelo, a mãe do Arthur e tudo mais que decorre daí…

- Felicidade?   Sim, sou feliz. Se ele estiver feliz, eu estarei feliz.

* Consuelo de Freitas Machado Martin, Graduação em direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ (1997), mestrado em Direito pela Universidade Gama Filho (2002), aperfeiçoamento pela Fundação Escola Superior de Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro (1998). Professora Universitária,  Advogada e Ativista Social.

Friday 27 June 2014

PROTESTO: INCITAÇÃO AO PRECONCEITO E À INTOLERÂNCIA CONTRA DEFICIENTES

Uma torcedora "flagrou" uma pessoa de cadeira de rodas se levantar em um jogo no Maracanã e se achou no direito de filmar, postar e divulgar que um "Torcedor finge ser cadeirante para entrar no Maracanã e se levanta durante a partida"

Quem disse que ele estava fingindo?  Quem filmou?  Todas aquelas pessoas que falam palavras de baixo calão e se dizem  revoltadas com o acontecido?   

Estou indignada  com a presunção de todos de que, pelo simples fato de uma pessoa levantar e andar curtas distâncias não seja portador de deficiência!

Mais indignada ainda com jornais de grande circulação que esquecem de seu papel social  e ajudam a incitar a intolerância contra os deficientes ao não mencionar em suas reportagens que existem muitas deficiências não aparentes - como é o caso da matéria no Jornal O Globo "
Torcedor caminha após levantar de cadeira de rodas no Maracanã".  Como a própria reportagem afirma: "e acordo com a concessionária que administra o estádio, normalmente, os portadores de necessidades especiais devem apresentar obrigatoriamente, no acesso ao local, um documento, laudo médico ou cartão de acesso ao transporte público (RioCard Especial) para ter direito à gratuidade no ingresso, conforme prevê a Lei nº 2051/92."    E quem foi que disse que aquele senhor não cumpriu todos esses requisitos?   O simples fato dele ter condições de se levantar e ir ao banheiro?  O jornalista foi comprovar se este senhor não é portador de alguma enfermidade que o deixe com mobilidade reduzida mas não completamente imóvel?

Já tratamos deste assunto em nossa postagem "Acessibilidade para Inglês Ver".

Para as pessoas que entendem que só existe deficiência visível somente os amputados, tetraplégicos ou paraplégicos  podem usar uma cadeira de rodas.  Por acaso a pessoa para ser cega precisa não ter olhos? Para ter mobilidade reduzida precisa não ter os membros inferiores?   Trata-se de pura ignorância e intolerância!

A Organização Mundial de Saúde define deficiência como toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica, ou seja, qualquer problema de funcionamento ou falta de parte anatômica, que ocasionem dificuldades de locomoção, percepção, pensamento ou relação social.    

Para se assistir um jogo no Maracanã, uma pessoa precisa andar quilômetros, passar por inúmeras barreiras e uma pessoa idosa ou com mobilidade reduzida não tem condições físicas para tamanho esforço! Trata-se de uma situação plenamente possível, uma pessoa ter mobilidade reduzida, uma doença óssea degenerativa, artrose, precisar de auxílio de cadeira de rodas para longas distâncias  mas ter possibilidade de ficar de pé para esticar as pernas ou mesmo ir até o banheiro! 

Pela filmagem da senhora justiceira que expôs o vídeo, dá para se ver que o senhor não aparenta ser um jovem atleta, manca e pode ter realmente a mobilidade reduzida -  Não estou dizendo que seja este o caso, estou dizendo que devemos lembrar que o princípio legal  é de presunção de inocência até apresentação de prova em contrário. Mas vou mais além: precisamos lembrar que ninguém deve ser exposto a constrangimentos ou embaraços, existem meios e autoridades competentes a quem o deficiente deve apresentar  prova de sua deficiência ao adquirir sua credencial,  da mesma forma  em que se prova a menoridade ou a condição de idoso com fins dos benefícios legais.    Espertos e mal feitores existem em todos os lugares, a questão é a forma de tratar o assunto que, a meu ver, está sendo tratado de forma  perigosa, dando a ideia de que qualquer pessoa pode interpelar outra e exigir prova de deficiência, inclusive incitando a intolerância contra os deficientes.

Infelizmente existem pessoas muito intolerantes e ignorantes que não percebem que muitas pessoas podem ter uma incapacidade não aparente e precisar usar de acentos preferenciais, filas preferenciais sem merecerem a alcunha de aproveitador ou espertalhão!  Exatamente o meu caso – uma displasia óssea degenerativa e incapacitante que permite o uso de elevadores e acentos exclusivos mas, aos olhos dos outros, sempre passarei por “aproveitadora” a menos que mande tatuar em minha testa “portadora de deficiência incapacitante porém não aparente”. 

Muitas pessoas com paralisia cerebral podem andar mas tem dificuldade, não conseguem alcançar grandes distâncias, sentem dor. Muitas pessoas são acometidas por  doenças degenerativas, musculares ou ósseas, conseguem andar mas o uso das pernas ocasiona desgaste e dor.  Muitos cadeirantes também podem andar e se levantar!

Meu filho é cadeirante mas graças a Deus ele pode se levantar e andar curtas distâncias.  Cadeira de rodas e elevadores não são prerrogativa apenas de paraplégicos ou tetraplégicos, trata-se de um meio de locomoção para trazer qualidade de vida para pessoas que tenham mobilidade reduzida também!

As prioridades dadas aos idosos e deficientes visam garantir a eles os mesmos direitos que às outras pessoas não portadoras de uma limitação  -  direito de ir e vir, de frequentar um shopping, um supermercado, um estádio de futebol  -  e não colocá-los em situações constrangedoras e torná-los visados a ataques públicos!

Não quero sair na rua com meu filho e correr o risco de ser interpelada por uma pessoa que se ache "normal e politicamente correta" e venha invadir nossa privacidade indagando por  laudos se achando no direito de me interrogar ou exigir provas médicas de incapacidade!

Quem é que pode avaliar a minha deficiência? Quem tem capacidade e função para isso?  O ascensorista do elevador?  O porteiro do Maracanã? O rapaz do estacionamento?   Eles vão entender o significado de "portadora de displasia epifisária múltipla congênita" em um laudo médico técnico? 

Os deficientes já sofrem demasiadamente com a exclusão, a falta de acessibilidade e os olhares de curiosidade e de pena para ainda terem que ficar à mercê de falsos justiceiros que ao invés de estarem tratando da própria vida, querem aparecer aos olhos dos outros como pessoas "politicamente corretas" às custas das tragédias e mazelas alheias!




Wednesday 25 June 2014

Cuidado: Dosador de remédio soltando a tinta

Esta semana meu filho Arthur precisou tomar um antibiótico e me deparei com uma situação preocupante -  a seringa dosadora do remédio, que vem para ser usada várias vezes, começou a perder a tinta com a marcação:





Como se não bastasse a escala de numeração vir  na parte de dentro da seringa e por isso  com a numeração decrescente (na direção contrária a da maioria dos dosadores), o que pode confundir o usuário e induzir pessoas à erro,  logo no primeiro dia de uso notei que a marcação do dosador saí ao simples contato com a pele - passamos o dedo e a tinta saí!

A empresa se preocupou tanto em fazer uma seringa em forma de aviãozinho para agradar as crianças mas não se preocupou em ser algo seguro e durável afinal trata-se de um dosador para ser lavado e para durar, pelo menos,  durante todos os dias de administração do antibiótico!

Trata-se de um antibiótico muito usado  - CLAVULIN BD, de laboratório conhecido e renomado, a GSK - GlaxoSmithKline.  Mas que tinta é essa?  É para ser solúvel em água mesmo?  Será nociva à saúde da criança?  Quem sabe????
Não faz muito tempo a Agencia Nacional de Vigilância Sanitária determinou a retirada do mercado de produtos infantis, notadamente mamadeiras, que continham bisfenol-A, também conhecido como BPA - um componente químico que tem potencial contaminante,  substância  cuja  exposição pode causar alterações hormonais,deficiências físicas e até mesmo câncer.

Empresas como a Disney e a Fisher Price / Mattel também fizeram recall de brinquedos por causa de tinta contendo chumbo.

Precisamos ficar atentos a tudo!

Monday 23 June 2014

Musical "Os Viajantes"

 
A estrelinha da marca "Tudo Bem Ser Diferente"  está mais uma vez em cartaz no Teatro dos Grandes Atores.


Mal acabou a temporada de "O Novo Peter Pan",  Ana Helena de Freitas foi convidada para o musical infantil "Os Viajantes"  que esta em cartaz desde o dia 07 de junho - sábados e domingos às 17 h no Teatro dos Grandes Atores, no shopping Barra Square, no Rio.














O Musical infantil, no estilo do famoso "Plunct Plact Zoom", reúne as crianças que se conhecem em um ponto de ônibus espacial e passam a viajar por planetas diferentes e interessantes.






O Blog "Tudo Bem Ser Diferente",  através de nossa estrelinha Ana Helena de Freitas,  presenteou a peça com camisetas para serem sorteadas ao público ao final de cada espetáculo.

Vale a pena conferir!





Monday 9 June 2014

Acessibilidade para Inglês Ver



A Acessibilidade tem que estar disponível a qualquer hora e em qualquer lugar, não pode ser algo “de fachada”, ou como se diz por aqui algo “para inglês ver”.

O deficiente não tem que pedir, implorar, solicitar algo que não está aparente, passar por nenhuma situação constrangedora ou mesmo ter que esperar pela colocação de uma rampa móvel – muitas pessoas ficam até constrangidas por dar trabalho, causar embaraço e acabam deixando de exercer seu direito de ir e vir por causa disso.

Ressalto ainda que a deficiência nem sempre é aparente e a ignorância das pessoas faz com que, em locais onde elevadores são de uso exclusivo para deficientes e gestantes, muitas pessoas cuja deficiência não é aparente, passem por situações constrangedoras, tendo que provar sua deficiência - eu mesma passei por uma situação esta semana, dentro de uma das unidades do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro: enquanto aguardava pelo “elevador exclusivo”, como não estava em uma cadeira de rodas ou com muletas, fui “delicadamente” informada de que não poderia usar o elevador que era só para deficientes, sendo obrigada a dissertar sobre uma displasia óssea degenerativa e indagar se seria necessário a apresentação de laudo médico para uso do elevador – tudo isso na frente de uma centena de pessoas que ficaram me olhando como se eu fosse uma “aproveitadora de elevadores”!


Infelizmente existem pessoas muito intolerantes e ignorantes que não percebem que muitas pessoas podem ter uma incapacidade não aparente e precisar usar de acentos preferenciais, filas preferenciais sem merecerem a alcunha de aproveitador ou espertalhão! Exatamente o meu caso – uma displasia óssea degenerativa e incapacitante que permite o uso de elevadores e acentos exclusivos mas, aos olhos dos outros, sempre passarei por “aproveitadora” a menos que mande tatuar em minha testa “portadora de deficiência incapacitante porém não aparente”.

Ontem levei meu filho ao Teatro dos Grandes Atores, no Barra Square, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, onde a acessibilidade é muito precária – sinceramente, não sei como a Prefeitura concede alvará de funcionamento para um shopping relativamente novo, cheio de espaço, com um projeto arquitetônico novo tão precário – garagem praticamente inacessível a carros grandes que podem carregar uma cadeira de rodas, elevador tão pequeno que um cadeirante tem que usar sozinho (se for criança, só sobe desacompanhado), teatro sem elevador e com espaço para apenas 1 cadeira de rodas com uma rampa perigosíssima, apenas no Balcão que é o andar situado no nível da rua!

Para usar o elevador do shopping, tive que tirar meu filho da cadeira, levá-lo pela escada rolante, fechar o apoio de perna e enviar pelo elevador pois a cadeira sozinha ocupa todo o espaço - algo surreal considerado o tamanho do shopping, as lojas e butiques caras, o teatro e a a quantidade de pessoas que frequentam diariamente o complexo.





Para completar o infortúnio,  o pé da cadeira emperrou, não voltava para o lugar e, para trazer meu filho de volta para casa ainda tivemos que retirar o pé da cadeira e amarrar um pano para ele não se machucar na estrutura metálica - como é difícil ser deficiente!






O deficiente não deveria precisar contar com a boa vontade alheia, com a pena ou simpatia de terceiros  para ter respeitado seu direito de ir e vir.Existem critérios básicos necessários à promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida e a concessão de alvará pela Prefeitura deve estar condicionada ao atendimento das normas de acessibilidade - normas técnicas fixadas na legislação federal de acordo com a ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas.

As normas de Acessibilidade estão previstas na lei federal n° 10.098, de 19/12/2000 e regulamentadas pelo decreto federal n° 5.296, de 02/12/2004.

Considerando tratar-se de questão de interesse público, os alvarás para lojas, restaurantes, shopping centers, já concedidos, devem ser revistos – concedendo prazo para que o estabelecimento se adeque sob pena de cassação do alvará!

Saturday 3 May 2014

"O Novo Peter Pan" - Entrevista com nossa Ana Helena de Freitas

 
 
Depois de uma temporada de 2 (dois) meses em cartaz na peça " Anos 80: Um Musical de Filho para pai", de Mareliz Rodrigues, com Produção & Realização do Espaço Cultural Vamos Fazer Arte -   um sucesso!....

.... a querida estrelinha do Blog "Tudo Bem ser Diferente"  -   Ana Helena de Freitas -    fará uma  participação na peça "O Novo Peter Pan" de Bruno Pereira, que estreia hoje no Teatro dos Grandes Atores no Rio de Janeiro.

 
O clássico de  J. M. Barry,  conta a história da menina  Wendy, que  tem que crescer e, para isso, deve deixar de contar historias para seus irmãos João e Miguel. Peter Pan, contrariando a fada Sininho,  a convida a conhecer a Terra do Nunca -  lugar onde as crianças nunca crescem -  e lá viverão muitas aventuras, como lutar contra piratas, conhecer sereias e Índias amazonas. 
A atriz-mirim, que desde pequena sempre foi apaixonada pela fada Sininho e por outros seres mitológicos, na peça será uma linda sereia!
 

                Em entrevista especial para nosso blog, na véspera da estreia,  Ana Helena de Freitas falou de sua paixão pelos clássicos da Disney, contou que assistiu todos os filmes de Peter Pan,  Tinker Bell, Fadas e  também colecionou os livros das Fadas. 

Ana Helena compartilhou conosco que sua avó fez para ela vários vestidos da Sininho, como aquele que aparece no filme que mostra o nascimento da Tinker Bell (aquele branquinho em que a saia são pétalas de flor),  e os demais verdes, feitos de folhas  e fez para seu primo Arthur roupas do Peter Pan e de Clank (aquele se veste uma folha no filme Fairies).

Sobre sua participação na peça, Ana Helena salienta a importância de estar atuando no mesmo espetáculo que seu pai Luiz Claudio Barcellos:
   " - Meu pai e eu sempre brincamos de vozes e imitações, quando resolvi fazer curso de Dublagem, ele se matriculou também e me deu o maior apoio, nos divertimos muito fazendo dublagem juntos. Durante os ensaios para o musical sobre os Anos 80, fui chamada para fazer a participação como sereia e meu pai foi chamado para ser um dos Piratas e, apesar de estarmos com a agenda muito comprometida, aceitamos o convite pela oportunidade de estarmos juntos!"


A peça, do ator e diretor Bruno Pereira,  estará em cartaz no Teatro dos Grandes Atores, no Shopping Barra Square, na Barra  e é um programa perfeito para o curtir o final em família.




Tuesday 18 March 2014

ANOS 80: UM MUSICAL DE FILHO PARA PAI



Ana Helena de Freitas, a atriz mirim e  modelo da marca "Tudo Bem Ser Diferente",  que nos ajuda e inspira em tantos projetos,  está em cartaz no Musical "Anos 80 - Um Musical de Filho para Pai" que estreou no dia 15/03;2014, no Teatro Antonio Fagundes (Colegio CEC), na Barra da Tijuca,  em curta temporada!
  

Quem não se lembra dos supermercados (Disco e Casa da Banha), Mesbla,  liquidação do lápis vermelho do barra shopping, desodorante Avanço, Bonecas Fofolete e Bem me quer da Estrela, desenhos como He-man, She-ra; Os Trapalhões, Shampoo Colorama, Seriado Barrados no Baile, LP Sol de Verão Internacional, Mini Chiclete Adams,  entre tantas outras boas recordações?

  



 O Musical reproduz com perfeição o  universo escolar da década de 1980.

 Recordar é viver!





     
Excelente programa para toda a família - venham mostrar às crianças de hoje como era a vida sem celular e internet, como era brincar de pular elástico na escola, na hora do recreio e curtir bailinho da vassoura nas festas.

 





No elenco, tem dezoito atores que cantam, dançam e interpretam - Ana Helena de Freitas, Ana Lia Guedes, Carol de Barcelos, Carol Donato, Catherine Beranger, Felipe Izzo, Felippe de Santis; Gabi Guimarães, Juliana Falcão, Larissa Kuboski, Otávio Maciel, Rafael Souza, Roberta Campos, Roberta Piragibe, Vicenzo Lucchese.   



Texto e Direção: Mareliz Rodrigues (Espaço Cultural Vamos Fazer Arte)

Temporada até 04 de maio, sábados e domingos, às 19h

Local: Teatro Antonio Fagundes (Colégio CEC) – Av. Ayrton Senna 2.541/A – Barra da Tijuca


Ingressos: R$20,00 (inteira) e R$10,00 (meia)


Telefone: 2432-4000


Gênero: Infanto juvenil


Capacidade: 419 pessoas


Duração: 60 minutos



Sunday 9 February 2014

Trabalhando as Diferenças e a Sensibiliade das Pessoas

Em algum momento, você já parou para refletir sobre a forma que você se relaciona com as pessoas ao seu redor? O que você espera delas? O que elas esperam de você? 

Nós nos relacionamos com as pessoas sempre partindo de nossas próprias referências pessoais, tendo nosso comportamento como modelo, e é exatamente por isso que, em muitas ocasiões, nos sentimos frustrados e descontentes com os outros.

Muitas pessoas têm medo de lidar com pessoas diferentes por causa da desinformação, do medo do desconhecido e perdem muitas oportunidades por causa disso.

É preciso falar de inclusão de forma natural, desde os primeiros anos de vida, para evitar ter que  falar dela no futuro, como forma de superar o desconhecimento, o bullying  e  o preconceito.

A criança que convive com as diferenças desde cedo, vai encarar qualquer deficiência de forma natural, pois está acostumada com elas – essa criança vai olhar uma pessoa amputada ou cadeirante de forma natural, pois sabe que da mesma forma que uma pessoa pode ser branca ou negra, loira ou morena, ser gorda ou magra, tem olhos verdes ou castanhos, ela também pode andar ou não, pode ver ou não, ter uma perna ou duas e assim por diante. Precisamos ensinar as crianças que ninguém é igual a ninguém, nem mesmo quando se trata de gêmeos!

Algumas pessoas gostam de nadar, outras de boiar, algumas pessoas gostam de mergulhar, algumas pessoas gostam de surfar ou esquiar. Tantas outras não gostam de nadar mas gostam de velejar. Algumas, nem isso, gostam de sentir a água do mar da areia, sentadas no raso ou apenas molhar os pés ou mesmo somente apreciar o som e a brisa do mar à distância!  Notamos que, neste caso,  o ambiente é o mesmo mas as formas de interagir com ele são totalmente diferentes.  Cada indivíduo irá explorar o meio de uma forma diferente, de acordo com seu gosto ou possibilidade/capacidade. Todas as formas de interagir com o meio são prazerosas e gratificante para quem os explora pois, felizmente, cada indivíduo tem gosto próprio.

Cada indivíduo tem sua própria forma de apreender, explorar e tirar prazer de tudo – todas as cores, cheiros, texturas, sabores, sons, todas as atividades – cada um à sua maneira. 

Afinal, o que seria do rosa se todos gostassem do amarelo? Já imaginou como seria monótono e triste se o mundo tivesse apenas uma cor ou se o sorvete tivesse apenas um sabor?

As pessoas que convivem com a diferença desde cedo se tornam pessoas mais sensíveis

Viva a diversidade!
Viva a inclusão!