Esta semana meu filho completará 10 anos - exatamente o dobro da expectativa de vida que lhe deram ao nascer.
Passamos 1 ano internados, nos quais lutei bravamente
para que ele estivesse acompanhado tempo integral por um familiar e foi
por estar lá 24 horas por dia que, na semana que vem Arthur vai fazer
10 anos.
O que muita
gente não sabe é que quando Arthur completou 2 meses, fui chamada pela
chefia médica da UTI para encontrar um hospital pediátrico para
transferi-lo pq ele não tinha chances de viver e "como gostavam muito
dele", não queriam que ele falecesse nas mãos daquela equipe. Claro que
o que eles não
queriam era aumentar a estatística de óbitos da UTI.
queriam era aumentar a estatística de óbitos da UTI.
Nesta mesma oportunidade, esta médica renomada me disse que meu filho
não tinha expectativa de vida, que ele nunca iria sentar, andar ou mesmo
ter controle da própria cabeça e jamais passaria dos 5 anos!
Lá, nesta UTI, meu filho foi extubado e re-entubado uma noite, para
residente treinar, em 5 minutos que minha mãe foi pegar um café na
anti-sala e todos os médicos mentiram dizendo que nada havia acontecido,
somente na manhã seguinte, quando a enfermeira encontrou o
laringostópio usado na pia é que não tiveram como manter a mentira e
confirmaram que ele foi re-entubado - o coitadinho estava cianótico,
roxo quase preto quando minha mãe voltou. E foi passando noites em
claro nesta mesma UTI que vi uma enfermeira colar uma chupeta com
esparadrapo na boca de uma criança de pré-alta pq a criança estava
atrapalhando ela de ler um livro - ela achava que a criança só queria
colo e a mãe não estava lá. A criança vomitou pelo nariz e teve que ser
aspirada e receber oxigênio que estava montado na cabeceira do leito do
meu Arthur pq como ela era de alta, não tinha nada montado para ela.
Arthur saiu de lá na marra, porque proibi uma médica de chegar perto do
berço dele por motivos muito justificados e feitos por escrito - depois
disso, os médicos resolveram boicotar o Arthur e pararam de passar
visita por 3 dias sob alegação de que ele só ficava lá para cuidados
paliativos - estavam realmente esperando a morte chegar...
Arthur
tem uma alergia alimentar grave, precisa de uma fórmula especial e
durante todo o primeiro ano tomou leite de vaca na UTI - muita apneia,
muita cianose e muito sofrimento e sequelas poderiam ter sido evitados
pela troca do leite! Falamos tantas vezes mas só ouvíamos " sua mãe
aqui é apenas avó, não é médica" e hoje sei que a fórmula era muito
cara e Arthur já gastava muito com a colostomia - os hospitais tem com
planos de saúde uma espécie de pacote para criança de baixo, médio e
alto risco - tipo preço fixo, tudo o que economizarem é lucro do
hospital e Arthur gastava muito, tanto é que eu levava tudo, fralda,
sabonete líquido, Dersani, bolsas de colostomia - tudo eu levava por
fora pq sempre faltava para ele!
Eu poderia relatar aqui mais uma
centena de fatos que ocorreram lá, coisas que as pessoas nem
imaginam... prontuários adulterados, médicos que deram parecer só pelo
papel sem nunca ter colocado os olhos nele, etc...
Esta semana, tomei
conhecimento de uma mãe que está proibida de ver sua filha, condenada por uma doença, no hospital. Algo que, para mim, por tudo o que já vi e
vivi, é grotesco! Pois até sangue errado no meu filho já tentaram
transfundir, à meia noite, em um quarto de UTI e foi porque eu estava
lá, que este erro foi evitado - e é claro que existiram
desentendimentos, até pq, a primeira coisa que o hospital quer é sumir
com as provas e eu exigi fotografar as bolsas de sangue e ainda
confisquei a bolsa que foi usada. A mãe é sempre "barraqueira",
"encrenqueira" - só que é a mãe também a pessoa que mais tem a perder
com o erro, a negligência e a imperícia de pessoas que fazem um plantão
atrás do outro sem dormir, 24/36 horas seguidas, saindo de um hospital
para o outro, etc.
Meu relato é apenas um testemunho, um apelo
para que possamos ajudar esta mãe que está proibida de ver sua filha que
está correndo risco de morte e está afastada do convívio de sua mãe!
Nada que esta mãe tenha feito (a menos que fosse atentado à vida da
menina) justifica a proibição do convívio. Ainda mais se o
"problema da mãe" era reclamar sobre a prestação do serviço prestado e
de todos os problemas que todos sabem que existem na saúde, seja pública
ou privada.
Gostaria de lembrar que, para justificar a ausência
de medicamento e material para meu Arthur, alérgico, ouvi de uma médica
"seu filho não é uma criança padrão Copa D´Or".
Tenho conhecimento de causa, conheço as mazelas da saúde, mesmo em hospitais particulares. Nem sempre o documento hospitalar médico ou de enfermagem diz que o paciente tomou banho, se alimentou ou foi trocado de decúbito reflete a realidade. Os profissionais já são previamente orientados a não escreverem nada que os comprometam e por isso defendo o direito de qualquer paciente - não só crianças e idosos - qualquer pessoa internada, especialmente se tiver fora de consciência, está em situação de incapacidade e tem o direito de ter um acompanhante para protegê-lo tempo integral! Quantos casos de maus tratos de paciente, estupro e eutanásia já foram descobertos? Precisamos de mais?
A proibição de uma mãe de acompanhar o tratamento da filha internada em um hospital é absurda e intimidadora, faz com que os pais passem a ter medo de reclamar do serviço prestado e também serve como precedente para que os hospitais agora passem a proibir pais que reclamam ou exigem qualidade na prestação do serviço! Existe uma repercussão social, ISTO NÃO PODE VIRAR UM PRECEDENTE !!!
Acompanhamento da família é direito da criança, garantido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e pela Resolução Conanda nº 41 de 17 de outubro de 1995 - Direitos da Criança e do Adolescente Hospitalizados.
ECA - Lei nº 8.069 de 13 de Julho de 1990
Art. 12.
Os estabelecimentos de atendimento à saúde deverão proporcionar
condições para a permanência em tempo integral de um dos pais
ou responsável, nos casos de internação de criança ou
adolescente.
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Note que o Estatuto ainda determina que os estabelecimentos proporcionem condições - ou seja, hospedagem e alimentação tempo integral!
Se a mãe não atentou contra a vida da própria criança, esta proibição de entrar no hospital para ver a filha é injustificada, sabemos que existe uma dívida sendo cobrada e interesses financeiros pesando na decisão de um hospital particular renomado ao prestar serviço para uma criança de origem humilde, filha de uma doméstica e um pedreiro, portadora de uma doença crônica - para o hospital, é negócio esvaziar este leito.
A Mãe que esta prestes a perder um filho é sim uma fera ferida tentando
salvar sua cria, ela precisa de amor, carinho, esperança, humanidade.
Por isso, peço ajuda para essa mãe e humanização para todos os envolvidos,
inclusiva para as autoridades do MP e o Judiciário - que saiam de seus
gabinetes e compareçam no hospital juntamente com essa mãe para proteger os interesses desta criança!
Conto com a colaboração de todos para ASSINAR A PETIÇÃO demonstrando repúdio e exigindo o direito da Valentina de ser acompanhada pela mãe tempo integral e fiscalizar tudo o que é feito com ela dentro do hospital, especialmente considerando que o hospital tem interesses conflitantes aos interesses da Valentina, notadamente esvaziar um leito que não dá lucro e cobrar uma dívida!
Conto com a colaboração de todos para ASSINAR A PETIÇÃO demonstrando repúdio e exigindo o direito da Valentina de ser acompanhada pela mãe tempo integral e fiscalizar tudo o que é feito com ela dentro do hospital, especialmente considerando que o hospital tem interesses conflitantes aos interesses da Valentina, notadamente esvaziar um leito que não dá lucro e cobrar uma dívida!