Nós todos somos o amanhã!

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Wednesday 13 February 2013

Banhoterapia - A terapia do Amor


Logo que Arthur nasceu, após seu primeiro exame auditivo (BERA) e do diagnóstico de surdez dado ainda na UTI neonatal, o próprio médico convidado para realizar o exame me acalmou e disse para analisar os resultados com desconfiança e repetir o mesmo exame algumas vezes pois muitas coisas poderiam estar interferindo no seu resultado.

Devo lembrar que, quando Arthur tinha 2 meses, fui chamada pela médica responsável pela UTI e recebi o que denominei minha primeira carta de despejo – ela queria que eu buscasse um hospital para transferir Arthur pois ele não tinha expectativa de vida, era severamente comprometido e, com suas próprias palavras: “Ele é completamente surdo, nunca vai andar, sentar ou sequer controlar a própria cabeça. Ele só irá pra casa com home care e não vai passar dos 5 anos. Não quero que ele morra nas mãos da minha equipe.”   Essa mesma profissional (que a meu ver não merece ser chamada de médica) sentenciou meu filho e repetiu muitas vezes que seus cuidados eram apenas paliativos -  Mas minha mãe e eu nunca acreditamos neste diagnóstico.

Conhecer este neurologista, foi uma das poucas coisas boas que me aconteceu naquela unidade hospitalar e, obviamente ele nos acompanha até hoje e é um dos meus queridos neurologistas pediátricos. Repetimos tal exame 4 vezes até provar que Arthur não era surdo.

Um ano depois do nascimento fomos transferidos para internação domiciliar. Chegamos em casa, Arthur tinha os braços contraídos, espásticos, quase não os movimentava e praticamente só nos cumprimentava com os pés – o que presumi ter sido causado por estar sempre imobilizado por conta dos acessos venosos e fios que o cercavam na UTI. Já sob orientação da minha mãe, que é pediatra, começamos a trabalhar o relaxamento dos braços, a movimentação dos dedinhos, etc.

Este neurologista, em sua primeira visita domiciliar, ao ser indagado sobre tudo o que poderia ser feito pelo Arthur para que ele tivesse uma vida feliz e confortável me disse que todo tipo de estímulo era bem vindo, o toque das mãos, texturas diferentes, sensação de quente e frio, etc. Lembrei de uma passagem do filme “o Óleo de Lourenzo” na qual a mãe diz para o filho “Lorenzo, diz pro seu dedinho, dizer pro seu pezinho, dizer pra sua perna...”   - acompanhando o caminho do estímulo até o cérebro - e, a partir daí, criamos rituais de massagem, banho e brincadeiras que garantiram a ele um grande progresso, tudo sempre de forma lúdica, sem sofrimento.

Um dos rituais mais valorizados por nós é o ritual do banho, onde praticamos a BANHOTERAPIA.

O uso da água é umas das terapias naturais mais antigas, simples e eficazes. A água é símbolo de purificação e limpeza, associada à origem da vida e à qual foram atribuídos poderes de cura e regeneração. Ela tem um poder especial para ajudar no combate do estresse e rejuvenescer o corpo. Ela age sobre a pele e os músculos, acalma os pulmões, coração, estômago e sistema endócrino estimulando os reflexos nervosos na espinha dorsal.

Normalmente a Banhoterapia é feita através de do banho de ofurô em razão de seus efeitos mecânicos e ou termais. Ela visa tonificar o corpo, estimular a digestão, a circulação, o sistema imunológico e aliviar a dor, além de contribuir para eliminação de toxinas através da pele. Mas, na falta do ofurô, a Banhoterapia pode muito bem ser adaptada e ainda assim apresentar resultados gratificantes pois a criatividade e o desejo de estimular podem superar a falta de recursos técnicos.

Arthur e eu praticamos nossa Banhoterapia de diversas maneiras: na piscina, na banheira de hidromassagem, no bacião ou até mesmo em um bom banho de mangueira!

Colecionamos esponjas e escovinhas com texturas diferentes, brinquedos próprios para banho e utensílios diversos para fazer bolhas de sabão. Depois de observar a alegria do Arthur após um banho colorido com permanganato de potássio, providenciei uma banheira de hidromassagem com cromoterapia. Para evitar problemas com alergia, não usamos nada que contenha aromas ou corantes – só usamos sabonete líquido da Granado ou infantil da Johnson – até nossas bolhas de sabão são à prova de lágrimas!

Não preciso dizer que os ganhos do Arthur foram enormes, inclusive na coordenação motora fina - ele já está jogando videogame (Nintendo DS XL) sozinho!

Recomendo a Banhoterapia do Amor para todas as mães especiais.



















4 comments:

  1. Oi,
    Adorei o seu relato!
    Realmente a água é algo precioso. O meu pequeno também adora e a piscina foi a melhor terapia.
    Um grande abraço!!!
    Michella

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    1. Pois é Michella. Meu objetivo com esse relato é transmitir para outras mães o quão importante é a terapia materna - talvez muito mais importante que a fisioterapia em termos de assiduidade e continuidade.

      Nós estamos com nossos filhos o tempo todo e se tivermos a noção de que podemos usar esse tempo a nosso favor, fazendo exercícios sutís na forma de brincadeiras e carinhos, de forma lúdica, temos condição de tirar muito mais proveito e progresso do que uma terapeuta que passa 50 minutos com a criança, 3 vezes por semana!

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  2. Abraços a essa família bonita!
    Consuelo, a estrofe do W Blake onde empaquei diz:

    "The emmet's inch and eagle's mile
    Make lame philosophy to smile.
    He who doubts from what he sees
    Will ne'er believe, do what you please."

    Que diabo é um "emmet"?

    Beijos.

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  3. emmet é uma palavra de inglês arcaico que significa formiga. Recebeu minhas mensagens com um link sobre W. Blake?

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